FILOMENA, UMA APRESENTAÇÃO
Caro leitor,
Meu nome de nascimento é Maria Filomena Pimenta Gouvêa (1963). Este nome foi em homenagem às minhas duas avós. Uma Maria, outra Filomena. Ao casar-me tornei-me Maria Filomena Gonçalves Gouvêa. Mas me faço conhecida por Filomena Gouvêa. Nasci em Uberlândia (MG) mas resido em Goiânia desde 1976. Casada, mãe de três filhos e avó, hoje, de 5 netos.
Meus pais foram muito criativos em suas áreas. Meu pai, exímio criador de modelos de calçados em Minas Gerais e em Goiânia foi excelente feitor de molduras de obras artísticas, minha mãe artesã da costura. Ambos, não mediram esforços para apoiar-me nos meus estudos artísticos. Posso garantir que o apoio dado por eles e à vista de suas próprias criatividades na vida, me auxiliaram a conceber o mesmo à minha própria.
Considerando que, em casa tive meus melhores exemplos, não posso jamais negar que a influência familiar vinda de dois outros artistas, João Pimenta e Cleber Gouvêa, para apresentar somente os visuais, que muito fizeram por Goiás no aspecto cultural, não tenham de fato me auxiliado a ver a criatividade e o processo artístico como algo de muito valor humano e cultural.
Tenho na memória a influência do tio Pimenta, João Alves Pimenta, (1945-2011 ) arquiteto e marquetista em Goiás. De um talento raro e muita competência e zelo, aprendi muito com ele acerca do desenho e das possibilidades lúdicas do mesmo. Ele era irmão de minha mãe e foi criado por ela, tornando-se para mim um irmão exemplar, sua vida foi muito próxima e com seus desenhos primorosos e suas belíssimas aquarelas que fazia enquanto contava histórias à nós enquanto crianças. Com ele aprendi o gosto pelo desenho e aquarela, a criatividade não se esgota, se transforma e que amar o que se faz, inicia-se em nós primeiro. Ele de fato foi um divisor de águas em minha produção. Era para mim um exemplo de competência e zelo pelo que fazia. O que acredito que sua classe jamais poderá negar! Goiás sabe disso! E mais, Pimenta, foi o maior apoiador em minha carreira docente no curso de arquitetura na PUC. Quase um terço de todos os livros que possuo foi ele quem me deu!
Juntamente com ele, meu irmão mais velho, Cléber Gouvêa (1942- 2000) filho de meu pai em seu primeiro relacionamento conjugal. Homem visionário nas artes e de uma sensibilidade rara, capaz de influenciar sem imposições. Sua casa/atelier era sempre muito frequentada por artistas que fizeram história em Goiás. Conheci muitos da "primeira e segunda gerações" (Goya, 2020) de artistas em Goiás por meio de seu próprio atelier. (E eu sou da "terceira geração"!) . Conhecer cada um de perto e por via de suas artes, foi algo enriquecedor. Nenhuma escola me concedeu o que aprendi lá! Ali fiz-me aluna, somente. Assim, com Cleber, meu mentor, em vida amiga e fraterna, aprendi a pesquisar arte, o tema, a estrutura formal, a síntese, e a criatividade investigativa de processos e técnicas e ler livros de arte! leitura e pesquisa visual. Miguel Jorge disse muito bem a meu respeito quando disse que me posicionava muito bem diante do conturbado mundo da arte. Eu sabia e sei a distância que o próprio Cleber construiu sua própria arte e a relação próxima ou não que eu deveria construir a minha. Houve e talvez ainda haverá quem usará seu nome de forma ilícita. Eu porém, aprendi pela via das telas a me comunicar. Afirmo com toda certeza que sei bem quem ele foi para mim e daí o respeito em proximidade e distância implícitas à arte e à família.
Pimenta e Cleber, agiram a favor da nossa mudança para Goiânia. Cheguei a morar com eles em momentos específicos desta transição. As mortes precoces de Cléber Gouvêa em 2000 e a de Pimenta em 2010, muito abalaram a mim e minha família e, com toda certeza, à toda comunidade cultural em artes e arquitetura em Goiás. Não é difícil de entender o porque me posicionei didaticamente entre ambas áreas visuais. E, Foi nesse relacionamento de conhecimento com Cleber e Pimenta que decidi, ainda uma menina de quase quatorze anos, em 1977, fazer um curso de Extensão Universitária em Artes, no Instituto de Artes da UFG, completando ali o que faltava para decidir-me a continuar meus estudos e ter a arte e o ensino como profissão. Em 1977 recebi uma Menção honrosa com a representação de um desenho sobre painel de um objeto antigo . Nesse período assinava Mêmia, apelido de infância. Somente aqui em Goiás que passei a ser chamada de Filó pelos irmãos e amigos, porém escolhi assinar Filomena, simplesmente, depois de um bom tempo assinando M.Filomena. Isso também foi parte do meu processo artístico.
Em 1981 ingressei, novamente, no Instituto de Artes da UFG nos cursos de Graduação em Artes Visuais e Licenciatura em Desenho e Plástica, 1985 e 1986, respectivamente. Em 1994, tornei-me Especialista em Planejamento Educacional pela Universidade Salgado de Oliveira-Go; Em 2002, tornei Mestra em Ciências da Religião, 2002 pela PUC-Goiás e em 2008 me especializo em Filosofia da Arte pela UEG-GO. Em 2019, tornei-me Doutora em Arte e Cultura Visual, na linha de pesquisa Poéticas Visuais e Processos de Criação sob orientação do Prof. Dr. José César Teatini S. Clímaco, em Gravura, com a tese: TomosGravura, o corpo entre a ciência e a gravura (2019) pela atual Faculdade de Artes Visuais (FAV-UFG).
Desde 1985, venho participando de exposições individuais e coletivas na cidade de Goiânia em linguagens da pintura, gravura ou desenho. Contando com expressiva participação de trabalhos meus em diversas cidades e capitais brasileiras, em Lima-Peru, Espanha e EUA. Paralelamente, de 1994 pra cá tornei-me professora em várias faculdades na capital goiana e nas extensões de Rio de Janeiro e Anápolis, na Salgado de Oliveira; na Uni-evangélica; na Faifa, na Cambury e na UFG. Nestes lugares temporariamente prestei serviço à comunidade goiana no ensino de arte e/ou cultura e sistemas simbólicos. Em 2001, entrei como convidada na Universidade Católica de Goiás e em 2004, por processo seletivo passei a ser corpo docente definitivo da mesma até os dias atuais. Ali participo da docência, da pesquisa e da extensão, fiz algumas curadorias de exposição de arte, como o lançamento do primeiro artista especial em Goiás. Um jovem muito talentoso inscrito no programa de artes da CAC. Já fui considerada pelos alunos por duas vezes como Professora de Excelência! Coordenei um grupo de pesquisa sob o título “Processos Experimentais em Gravura” inscrito na PROPE-PUC-GO/CNPQ e apresentei e expus em vários congressos a arte e a pesquisa ali realizada.
Fiz parte do grupo de pesquisa em Poéticas Visuais do Programa de Pós-graduação em Arte e Cultura Visual da UFG, certificado pelo CNPq, do Ateliê Livre de Gravura da FAV UFG de 2014 a 2020.
Continuo lecionando nos cursos de Design e Arquitetura da PUC-GO, em áreas práticas de Desenho e Pintura. Realizo palestras em Arte, Cultura, Sistemas simbólicos e processos criativos em poéticas visuais, em desenvolvimento de pesquisas teóricas e práticas. Faço mostras culturais do meu trabalho. Considero-me realizada por fazer crescer o saber e a expressão artística na capital goiana exatamente no local onde originou o ensino de artes em Goiás. De Minas Gerais pra cá foi na consciência de fazer meu melhor em terras goianas que presto meu serviço à sociedade local.
Caso queira, o leitor pode acessar o número do meu currículo Lattes, CV:http://lattes.cnpq.br/8964706250214710, e terá maior detalhamento do que foi aqui apresentado. O nome das obras artísticas ao lado são:
*Quadro Acima, Filomena. Autoretrato: Filomena, irmã deste, daquele e daquele outro, do fulano, do ciclano e do beltrano... c. 2000.
* Quadro ao lado: Filomena, Brasil 500 anos. Obra premiada pela Casa Grande Galeria de Arte, Fundação Jaime Câmara, Goiânia, 2000.