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Foto do escritorFilomena Gouvêa

FILOMENA E A SIMETRIA DOS CÍRCULOS

Por Miguel Jorge (ABCA e AICA)(Goiânia, novembro de 1995).



É curioso perceber, na pintura de Filomena (Maria Filomena Gonçalves Gouvêa), um universo inesperado de formas, até onde a imaginação da artista pode alcançar.

Seus trabalhos, que passaram por várias fases figurativas, incluindo paisagens urbanas geometrizadas, volta-se agora, para o que podemos chamar de “construção em círculos” ou de “poesia de silêncio”, em que se destacam a pureza das cores, a sensibilidade de transposição da realidade e as transparências, que completam a fatura do seu trabalho, como se reflexões sobre o comportamento humano ou o estado de graças de crianças. Ou, se se ainda quiser, um jogo de circunferências ou de semicircunferências, que propiciam outros jogos, em que a beleza das figuras e das madrugadas que foram em outros tempos, motivações para várias telas, adquirissem outras referências ou trilhassem outros caminhos, com resultados evidentes de expressiva qualidade.

Nestes vários anos de trabalho intenso, a pintura de Filomena deu um salto promissor em direção a um semi-abstracionismo de boa qualidade, um passo medido com a consciência de quem anuncia a descoberta das nuanças de um novo mundo, real e onírico ao mesmo tempo.

Ainda há resquícios de luzes e de sombras, de antigas paisagens noturnas em suas telas. E, por vezes, o círculo, ou vários deles, se identificam com seres humanos. É por essa trajetória, com contida emoção, que Filomena readquire a sua força criativa: a consciência de um trabalho desenvolvido através da densidade das cores e sua proposital manipulação, sem facilidades e sem disfarces, um intencional tratamento da tinta acrílica com pigmentos diversos. O mesmo processo de pesquisa é utilizado na busca de texturas, muitas delas consideradas a partir de elementos comuns, como tecidos, areia e papel. A preocupação formal com o acabamento, a superposição de cores complementares e a luminosidade são pontos de referência a partir dos quais deve-se “ver” a pintura de Filomena.

Se fôssemos indicar, como exemplo, não como avaliação, algumas telas desta exposição, todas elas sem título, as referências seriam via tonalidade de cores e unificação dos círculos, das linhas e dos espaços, na criação de um estilo que abre possibilidades para o contemporâneo. São os quadros em que predominam o azul, o vermelho, o ocre, o verde, com uma gama variada de combinações possíveis.

Nessas circunstâncias, fiel ao compromisso com sua arte, Filomena chega à sua primeira individual, depois de já ter participado de várias coletivas. Com opção pelo abstracionismo, mais experiente e segura a cada dia, Filomena exibe refinamento técnico e imaginação criativa, posicionando-se, e bem, no conturbado mercado de arte, de forma original e, acreditamos permanente.

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